Em Hanói começaram os verdadeiros problemas da negociação Trump-Kim

 

No segundo encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un, em Hanói, no Vietname, terão sido falados assuntos como a desnuclearização, a retiradas das sanções e um diálogo contínuo. Todavia, a cimeira entre a Coreia do Norte e os EUA terminou repentinamente ao segundo dia, com o almoço de trabalho cancelado sem um acordo assinado ou uma declaração política comum. Segundo Donald Trump, Kim Jong-un teria dito estar disposto a desactivar o reactor nuclear de Yongbyon, a maior central nuclear do país, mas em troca pretendia a suspensão de todas as sanções aplicadas à Coreia do Norte, algo a que Trump declarou não poder fazer. Pyongyang desistiria de todos os seus programas nucleares e de mísseis, pedindo a remoção do chapéu-de-chuva nuclear dos EUA sobre os seus aliados asiáticos, Coreia do Sul e o Japão. Eram muitos pedidos. Pelo meio, para adocicar a sua posição, Trump voltou a sublinhar o potencial da Coreia do Norte, se um acordo fosse assinado repetindo que o país de isolado poderia tornar-se uma potência económica. Só não esclareceu qual seria o papel dos EUA nessa mudança e qual não seria o de Kim Jong-un. 

Donald Trump poderá ter imaginado que iria conseguir fazer com Kim Jong-un o que faz diariamente com o seu pessoal na Casa Branca. Se o acordo tivesse sido assinado  Donald Trump talvez se despedisse de Kim Jong-un com um impessoal tweet, ou talvez fizesse disso um espectáculo mediático. Mas não foi desta! Dentro dos EUA, continua fundamentalmente a fazer o que quer, mas no exterior vai encontrando quem tenha coragem de lhe dizer “não”. Por outro lado, a tentativa dos EUA continuarem a ser a primeira potência mundial face à  competição movida pela China e pela  Rússia, leva a uma espécie de  vale tudo, sofrendo outros essa rivalidade como, por exemplo, a Venezuela, onde, por interpostos peões, Maduro e Guaidó, se faz o jogo sino-russo versus EUA. Quanto à Europa,  anda a ver se encontra um lugar no mundo, mas já nem sequer  tem lugar nesse jogo. E a ONU,  que deveria ser mediadora de todos esses conflitos, está paralisada  face aos interesses contraditórios das grandes potências, não cumprindo os objectivos  para a qual foi criada no fim da II Guerra Mundial. Resta saber se o processo negocial entre Donald Trump e Kim Jong-un levará algum dia a um resultado concreto.

 

© Augusto Küttner de Magalhães, 28/02/2019

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