A obstinação pelo poder a qualquer jeito, um ego exacerbado, um total desrespeito pela população venezuelana, faz com que Nicolás Maduro, presidente não eleito da Venezuela, numa entrevista se atrevesse a dizer que não exclui uma “guerra civil na Venezuela”. Isto essencialmente pelo apoio a Juan Guaidó, da parte de Donald Trump que, com os seus excessos usuais, ameaça invadir a Venezuela. E também por a União Europeia ter reconhecido Juan Guaidó como Presciente interino da Venezuela, ao qual caberá organizar “eleições livres e democráticas” para a escolha de um novo presidente que substituía a total incompetência e ilegitimidade de Nicolás Maduro.
Este, que não se importa de destruir mais e mais a Venezuela, de sacrificar ainda mais população venezuelana para conseguir continuar senhor da presidência. Não será de esperar que tenha algum bom senso e se demita, mas espera-se que os norte-americanos não façam o que fizeram no Iraque (e na Líbia): matar ditadores por vezes não resolve a situação. Claro que a Venezuela não é nenhum desses países, mas o poder não cairia supostamente na rua. Mas uma mudança pela força das armas, feita por potências externas, seria má para uma futura democracia Venezuela. Lançaria uma justificada suspeição sobre a dependência de Juan Guaidó relativamente aos EUA e a Donald Trump.
A Venezuela deveria ser um caso a entregar às Nações Unidas se estas tivessem força e meios adequados, o que não acontece, para azar de todos nós e do Secretário-Geral, António Guterres. A situação venezuelana agrava-se a cada minuto que passa. Tem de haver uma solução que se não se deseja sacrificar mais e mais a população. Teria que haver um compromisso de Juan Guaidó com a União Europeia, com os países ainda democráticos das Américas, e não só, e com vontade resolver uma crise que dura há demasiado tempo tem sacrificado muitos venezuelanos e destruído o país. Se possível for, leve-se ainda Nicolás Maduro e os seus comparsas a julgamento no Tribunal Penal Internacional. E realizem-se eleições livres e democráticas na Venezuela sem interferências externas, da Rússia, dos EUA, ou de qualquer outro país.
© Augusto Küttner de Magalhães, 6/02/2019