Nicolás Maduro não tem legitimidade e muito menos capacidade e competências, para ser o Presidente da Venezuela. Juan Guaidó foi democraticamente eleito, como Presidente da Assembleia Nacional, e autoproclamou-se, também, Presidente da Venezuela, com o apoio de Donald Trump — um brincalhão sem qualquer piada — à frente dos EUA e outros como Jair Bolsonaro no Brasil. Mas estes dois apoios externos seriam suficientes para se duvidar do que poderá acontecer, quando e se, Juan Guaidó chegar a Presidente da Venezuela. Só não percebe, quem o não quer fazer. Não há almoços grátis em política e menos ainda num caso destes. Esperou-se, por parte da União Europeia, e claro do Brasil e EUA, entre outros, que Nicolás Maduro fosse afastado do poder e fossem convocadas eleições, livres justas, e que Juan Guaidó vencesse. E, uma vez mais a União Europeia, excepcionalmente quase toda unida — já com o “Brexit”, tem acontecido — apoia Juan Guaidó. Contudo, fê-lo, talvez, com alguma possível falta de visão.
Claro que seria muito útil apoiar o hipotético vencedor, dado que seria um apoio antecipado. Mas, houve, talvez, um optimismo exagerado ao pensar-se que Nicolás Maduro, depois de tudo ter destruído na Venezuela, sairia sem saber para onde, talvez para ser morto. Assim, temos dois presidentes na Venezuela, Nicolás Maduro não designado em eleições livres, e Juan Guaidó, auto-proclamado presidente interino. Vladimir Putin, com mais visão estratégica do que Trump — não será difícil isso —, mantém interesse em segurar Nicolás Maduro para continuar a influência russa. Mas na Venezuela ainda temos 400.000 portugueses e um “testa de ferro” de Nicolás Maduro na Assembleia Constituinte, um órgão ilegítimo, já veio apontar o dedo àqueles que estão com Juan Guaidó, Portugal incluído. Como a Rússia está em luta com os EUA pela influência em varias zonas do mundo, entre as quais a Europa — por interesses próprios —, não irá facilitar a mudança e o caso pode correr mal. E se Nicolás Maduro ainda fizer mais disparates, matar mais gente, nós estamos do lado contrário, com todo os riscos que para os nossos compatriotas advêm. Este apoio de boas vontades a Juan Guaidó pode ser problemático, tal como estar ao lado de alguém que é “protegido” por Donald Trump. Veremos se é assim, ou não.
© Augusto Küttner de Magalhães, 11/02/2019