O referendo britânico ganho pelos adeptos do “Brexit” já foi feito há demasiado tempo e foi também entendido como vinculativo (politicamente). Consequentemente, o Reino Unido activou o artigo 50º do TUE para sair, e fez tudo para sair. De repente vacilou e agora pretendeu aproveitar, ainda, tudo de bom que a União Europeia tem e deixar de ter o menos bom e até o mau desta. Claro isso que seria impraticável. Felizmente, ainda houve bom senso dos políticos europeus, quanto a isso. Assim, não há que hesitar, o Reino Unido deverá deixar a União Europeia, e de vez, com todas as consequências inerentes à sua decisão. E isto tudo é tanto mais curioso já que estando o Reino Unido à porta da saída, Donald Trump — que, a dada altura, deu a ideia de apoiar a saída, ajudando —, nem a mão lhe deu, ou parece ir dar.
Esta saída britânica vai diminuir mais a Europa, logo já não é problema do presidente americano, as Ilhas britânicas que tomem conta de si. O fito de Trump é “meter-se” onde pode agitar e dividir os que vê como rivais. Vai fazer tudo para ajudar ainda mais às divisões — veja-se no Twitter o apoio conveniente à luta dos “coletes amareles” em França. Se o Reino Unido pode estar na rota de se tornar insignificante, o “amigo russo” de Trump pode criar ainda mais problemas aos europeus, por exemplo com concessões à Hungria ou à Áustria, que Vladimir Putin tem visitado e cortejado. Hoje, depois da trapalhada do “Brexit”, a vontade de recuo — que juízes do Tribunal de Justiça da União Europeia dizem poder ser feita unilateralmente pelo Reino Unido —, seria péssimo para a Europa se ocorresse. Geraria ainda mais confusões e divisões europeias. Mas esperemos que ainda haja algum entendimento europeu e que o Reino Unido siga o seu caminho. Foi uma opção, não tem que mudar. Já nem deve, sequer, estar no pensamento europeu a sua permanência.
Augusto Küttner de Magalhães, 12/12/2018