O nosso país já cedeu/vendeu demasiadas empresas aos chineses que nunca deveriam ter saído não só do domínio português como, até, do controlo do Estado. Isso está a acontecer na energia eléctrica e distribuição desta, bem como de outros serviços essenciais que hoje estão em grande parte na mão da China (para além de empresas de seguros, banca e outros sectores). E convenhamos que a China é um Estado centralizador, dominado pelo seu Partido Comunista, que hoje é meio “(neo)liberal/capitalista”, mas sem nunca ter deixado de ter o “ideal” controlador e não “brincando em serviço”. Nós já quase nada podemos fazer, vendemos, está feito, logo esperemos que com o andar dos temos não nos controlem em excesso. Claro que a crise financeira anterior e as divisões da União Europeia facilitaram a tarefa chinesa e de outras potências rivais, como vê em Portugal também. Os últimos tempos mostram também a dificuldade da União Europeia se reunir em torno de um projecto único, sem nacionalismos e populismos exacerbados, os quais já são visíveis na Hungria, na Polónia, na Áustria e agora virão talvez também de Itália.
Se a União Europeia souber, quiser, ou conseguir fazer, não deve ficar tão aflita com alguma putativa invasão russa, a qual nada indica que irá acontecer. Nem se deve deixar cair nos braços da China, que não é a alternativa ao facto de Donald Trump estar a isolar os EUA e afastá-los dos europeus. Apesar de tudo, se a União Europeia se unir e fizer pontes consistentes com a Índia, Japão, Austrália e Canadá e outros Estados democráticos, poderá enfrentar, em termos económicos e políticos, a Rússia de Vladimir Putin. E se os norte-americanos se continuarem a afastar, os europeus têm é de caminhar em frente, incluindo na sua própria segurança e defesa. Quanto aos chineses só “investem”, por estarem cada vez mais a notar que estamos “perdidos”. Têm grandes reservas de divisas disponíveis e viram uma oportunidade de aumentar, ainda mais, as divisões entre os EUA e a Europa. Quanto a nós, já cedemos demasiados sectores estratégicos aos chineses. Esperemos que a União Europeia não siga o mesmo exemplo e se deixe chegar ao ponto de perder autonomia política para não desagradar ao investidor chinês (o qual, em última instância, é detido pelo Partido Comunista). Nada de bom pode vir daí para os valores europeus e o futuro da União Europeia…
© Augusto Küttner de Magalhães, 25/05/2018