
É ponto assente: o Reino Unido, por vontade própria, não quis mais fazer parte da União Europeia. Nessa escolha, provavelmente calculou vir a ter o apoio de EUA com Donald Trump, mas como este é demasiado “America fisrt” não lho deu. Face à pandemia da Covid-19, e tal como resto do mundo, o Reino Unido (quase) “parou” a sua economia. Agora está a procurar recuperar a economia, mas questão cruza-se com as negociações do “Brexit”. Neste contexto, o Primeiro-Ministro, Boris Johnson, quer recuperar a aura de “salvador”, à Churchill, de um Estado que já teve um enorme império mundial. Quanto à União Europeia, há quase sempre pretextos, uns com algum fundamento, outros nem tanto, para se dividir. Desde os Estados do Norte — excluindo agora a Alemanha de Angela Merkel — a menosprezarem os do Sul, até aos do Leste cairem na tentação do autoritarismo, há um pouco de tudo. Claro que para Boris Johnson é bom que essas divisões existam, pois poderá obter mais concessões, mesmo que eventualmente sem grande razão de ser, para “finalizar a saída da Europa”.
A Europa por todas as razões já apontadas, não tem tido nem a unidade, nem a determinação indispensáveis neste momento. Algo que Boris Johnson já entendeu é que a União Europeia provavelmente não vai ser assim tão unida para, com firmeza, lhe dizer que ou aceita o que já foi sendo determinado ao longo de demasiado tempo de negociações, ou até ao final do corrente ano acabam as ligações do Reino Unido / Europa sem acordo. A tão desejada e conveniente União dos 27 Estados iria — se fosse bem conseguida — fazer com que o nosso espaço no continente voltasse a ter significado e a União quase auto-suficiente. É bem necessária face aos efeitos e consequências nefastas da Covid-19 na sociedade e na economia. Resta saber se a Covid-19 não irá facilitar a tarefa de Boris Johnson “desligar” da União Europeia, ao criar restrições aos movimentos de pessoas e controlos fronteiriços. Assim, desta negociação, ou a União Europeia ganha e sai fortalecida, ou então ganha o Governo de Boris Johnson, criando um mau precedente para a unidade europeia. Não há muito espaço para meios-termos ou meios caminhos nesta altura!
© Augusto Küttner de Magalhães, 15/06/2020