Para um político no governo limitado pelos constrangimentos do poder, não será apropriado dizer que a NATO já não tem os mesmos argumentos do passado para garantir a segurança europeia. A NATO foi criada no pós II Guerra Mundial essencialmente para defender o Ocidente, os países do Atlântico Norte, de uma possível agressão da extinta URSS. Hoje existe a Federação Russa que, apesar de continuar com vontade de hegemonia sobre a Europa, uma zona da qual até poderia fazer parte como igual, não tem o mesmo poder. Apesar disso, com Vladimir Putin, a Rússia volta a ameaçar o Leste da Europa. Resta saber se a actual NATO é eficaz contra essa ameaça. Os EUA, com um presidente que aparece admirar o estilo autoritário de Vladimir Putin, estão pouco interessados no que possa suceder com a Europa. A Turquia, outro membro importante no passado, tem um presidente que é tudo menos confiável. E o Reino Unido está paralisado pelo “Brexit” e não será uma grande mais-valia de segurança europeia nesta fase.
Neste contexto, se a Europa tivesse capacidade de se unir de facto, algo que poucas vezes acontece — excepto e até aqui, com o “Brexit” — e de criar um exército europeu teríamos muito mais capacidade para garantir a segurança e defesa. Seria uma unidade entre países europeus para que as Forças Armadas se interligassem intensamente e de forma coordenada. Algo que, evidentemente, arrepia muitos devido à soberania e a nacionalismo, mas também devido a cargos militares e burocráticos que deixariam de ser necessários. Não é fácil, não é simples, pelo contrário é muitíssimo complexo e improvável no futuro próximo. Mas talvez fosse uma solução mais conseguida do que hoje é a NATO, e mais actuante se necessário fosse. Num tempo global teríamos uma Europa com uma adequada dimensão de escala e também com unidade. Teríamos!…
© Augusto Küttner de Magalhães, 29/03/2019