
Para a recuperação da economia europeia, entre outras medidas — e para além do plano anunciado pela Comissão, em fase de negociações —, talvez seja necessário, ou mesmo indispensável, que os 27 países da União Europeia procurem aumentar o consumo de produtos europeus, dos mais diversos tipos. Isso passa por uma consciencialização dos cidadãos da Europa enquanto consumidores, sem nacionalismos económicos, os quais são inadequados a um tempo onde é necessária uma unidade europeia. Temos, assim, de encontrar formas de estimular a economia e o emprego e também de nos entre-ajudar e proteger não como países individualizados, mas como um todo europeu. Não se trata, de forma alguma de voltar a uma ‘auto-subsistência’, o que seria absurdo, até porque nenhum país tem tudo, ou produz tudo, especialmente num tempo global como o que vivemos, onde se beneficia também muito da especialização da produção a nível mundial. Mas dar, sempre que possível, prioridade ao “fabricado na União Europeia” pode ajudar bastante ao relançamento da economia e do emprego. Claro que as trocas comerciais com outros países exteriores à União Europeia são também necessárias, mas não devem prejudicar as possibilidades de produção europeia, quando elas existam também em condições favoráveis no seu interior. Encontrar a fórmula adequada para o fazer, sem cair em nacionalismos económicos e proteccionismos contraproducentes, será um dos grandes desafios europeus nos próximos anos.
© Augusto Küttner de Magalhães, 5/06/2020