Mais uma notável capa da revista Time desta semana, com uma imagem que é a “simbiose” dos retratos actuais de Donald Trump e Vladimir Putin. E isto no seguimento da reunião à porta fechada e do apoio incondicional, quase reverencial de Trump a Putin, na conversa que se seguiu com os jornalistas. O Presidente dos EUA disse — formalmente — acreditar no líder russo quando este garantiu que não ter tido qualquer influência nas eleições presidenciais norte-americanas, quando o FBI terá provas exactamente do contrário. Tudo isto é bastante estranho e grave. Estamos a falar do país mais poderoso do mundo, principalmente em armamento, e de um Putin que parece apostado em restaurar o poder da era soviética. Mas agora parecem ter como ideia primeira desfazer o que ainda resta — e que já é pouco —, de uma Europa unida.
Ambos estão com problemas internos se bem que por parte dos russos sejam escamoteados. A Rússia beneficia do impacto de eventos desportivos importantes que organizou ultimamente, usados como “manobras de distracção” da opinião pública. No caso dos americanos (leia-se de Trump), os problemas são usualmente desvalorizados como “fake news”. Mas nos dois países há hoje muitas pessoas a passar mal, sem trabalho e sem dinheiro para o essencial que vai da comida aos serviços básicos de saúde. Ao criarem a imagem de heróis e de “salvadores da pátria”, tentam mostrar às respectivas população que fazem muita coisa de bom pelo engrandecimento das respectivas nações, iludindo problemas que deviam resolver!
Putin quer ficar para a História como o reunificador da Grande Rússia. Quanto a Trump, quer aumentar ainda mais o seu “império” e fazer-se passar por um presidente mais americano do que Reagan. E estes dois parceiros em simbiose podem provocar novas tragédias num mundo que parece já se ter esquecido da última guerra mundial, a qual nem um século tem. Tudo isto é ainda acentuado por vivermos tempos onde os valores e princípios humanistas parecem também estar em acentuado declino. Como a humanidade parece ter uma tendência cíclica e intrínseca para repetir os “erros do passado”, esta simbiose Trump / Putin não dá espaço para muito optimismo sobre o futuro.
© Augusto Küttner de Magalhães, 20/07/2018