Nestes últimos 20 anos estamos a viver a “total” desconstrução da Europa, a cada dia que passa. Houve necessidade de “meter” cá dentro tudo o que parecesse ajudar a fazer uma União Europeia, e, além dos países do Ocidente – que apesar das suas identidades, poderiam ser a base da União – foram “ entrando” os de Leste que antes faziam parte da União, mas, Soviética. E todos os princípios base do nascimento da União Europeia foram sendo desrespeitados, assumindo-se que “tudo ao monte e fé em Deus “, iria resultar. Como seria de esperar, até com fé em Deus – para quem a possa ter – falhou, e o ser Humano quando ambiciona muito “ter e mais poder” por norma desconstrói e não o inverso. E se a União Europeia, o Euro, já não eram bem o projecto que foi sonhado nos pós- II Guerra Mundial para evitar uma III e talvez derradeira Guerra, com estes remedeios correu mal. E estamos a sofrer tudo o que foi mal feito nestes últimos 20 anos e mais intensamente nos últimos 10. Desunimo-nos alegremente.
Permitimos que países com a Hungria e a Polonia, dessem “puxões” à direita autoritária, como se estivessem em gozo pleno de democracia. Fomos abandonando totalmente a ideia de uma União de Norte a Sul da Europa, com a pensamento de castigar este por não saber muitas/demasiadas vezes bem utilizar o dinheiro que vinha daqueles. Mas, em vez de se tentar unir com critérios de bom senso, de cumprimento de regras, não, usou-se a punição, o castigo dos mais fortes, no caso da Alemanha contra os restantes, os mais fracos e menos organizados, os mais a Sul. A França vacila entre os seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade para um marasmo em que se desconstrói tudo, onde se fazem leis antidemocráticas nas mais diversas áreas, e até no Trabalho, mas neste, em vez de se querer progredir, a nível de quem sofre com o que é decretado, só se pensa em trabalhar menos e menos horas e não melhor, mais produtivamente. O actual Presidente Francês esqueceu o socialismo/social-democrata, e está cada vez mais próximo da Madame Le Pen, só para não perder o pouco poder que ainda tem. A Áustria, com todos os seus ressentimentos acumulados desde a I Guerra Mundial, esteve prestes a eleger o Presidente da extrema-direita e ainda acha que poderá vir a fazê-lo.
No Sul, anda-se aos remoques de todos estes desencantos sem saber se ainda se é democrata, ou se vale tudo para se estar ou chegar ao Poder, pelo Poder. Até nas Forças Armadas Europeias se encontra um desacerto total, e se não fosse ainda existir Nato ao primeiro encontrão seriemos demolidos. Toda um Europa que navega à vista e que até “agarra” a Turquia, hoje, no seu pior momento deste últimos 60 anos, quando Edergon quer acumular a Presidência e a Chefia do Governo, vitaliciamente. E esta desconstrução País a País, faz com que se perca totalmente a ideia de unidade, de União, de Europa. Vale tudo para se perder a percepção do que é Democracia, do que são Direitos com Deveres – consentidos e assumidos –, do que é respeito pelo outro para haver respeito pelo próprio. Perdeu-se em 20 anos o que se construiu nos anteriores 50. E iremos dramaticamente assistir à total desconstrução da Europa, a ajudar á eleição de um Trump nos EUA, e nada faremos para alguma vez nos unirmos neste Continente Velho mas que ainda teria muito para os outros ensinar, e para os de cá deixar bem viver.
© Augusto Küttner de Magalhães, 12/06/2016