É uma vergonha mas é um facto, a Alemanha, que foi “comandada” pelo austríaco Adolph Hitler entre 1933 e 1945, o criador/aplicador com a colaboração de grande parte dos alemães do Nacional-Socialismo, Nazismo e Holocausto, ter votado no dia 24 de Setembro de 2017 na AfD, partido da extrema-direita — anti-imigrantes, anti-União Europeia — dando-lhe cerca de 13% dos votos e de 90 deputados. Entretanto, a CDU, partido de centro-direita de Merkel, perdeu mais de 7% dos votos e o SPD, social-democrata, de Martin Schulz, perdeu mais de 5%, acentuando a tendência de votação em decréscimo desde as últimas eleições.
Pouco depois de terem sido conhecidas as projeções, que permitiram à extrema-direita, nacionalista e xenófoba na Alemanha — a AfD — alcançar uma percentagem de votos tão elevada, apesar de já imaginável, centenas de alemães saíram à rua em protesto, em manifestações espontâneas por Berlin, Munique, Frankfurt, Colónia, Hamburgo entre outras cidades. Terão gritado palavras de ordem junto às sedes da AfD, tais como “Berlin odeia os nazis”, “ Fora os nazis”, “13% é uma vergonha” e “racismo não é a alternativa”. Claro que não, claro que “isto” não podia ter acontecido, mas já se esperava que viesse a suceder, dado a onda de nacionalismos que atravessa a Europa, os EUA, etc.
Claro que é pior na Alemanha, onde foi criado/implementado o Nazismo, o Holocausto, e onde se desejaria e esperaria que a História e a Memória, não tão longínquas, não o possibilitassem. Mais ainda, quando se vai hoje a Berlim e a Munique, e se sente que os alemães se angustiam ainda pelo Holocausto, mas cerca de 13% votaram em que defende ideias perigosas. Uma vergonha, mas foram alemães que o fizeram e aí é que vem o trágico — apesar de já esperado — deste resultado eleitoral alemão, de 24 de Setembro. Claro que se supõe que Angela Merkel continue chanceler e continue a seguir a trajecto que fez nos últimos 4 anos, apesar de as alianças difíceis, que vai ter que fazer para formar Governo. Mas, convenhamos, é mais um mau e vergonhoso resultado eleitoral para o Mundo Ocidental depois do Trump e do Brexit.
© Augusto Küttner de Magalhães, 25/09/2017