Tornou-se cada vez mais fácil e simples, “atacar” a Alemanha e mais alguns países do Norte da Europa, por tudo o que de mau nos acontece a Sul e em certa parte do Centro. Como é evidente em alguns “problemas” o Norte e essencialmente a Alemanha têm culpas, mas bastantes são nossas, não duvidemos. Ou então, taparemos voluntariamente o rigor de análise! A Alemanha “não chegou ao que chegou” depois de duas Guerras que totalmente a destruíram — por felizmente ambas ter perdido — por “acaso”. Claro que se podem criar floreados, para “arrancar a verdade que mais nos convier”, mas será – sempre – para não querer encarar a realidade. E uma prerrogativa que a Alemanha e não só, tem, é a Organização/ Organizada — nós somos a Sul, mais desorganização / organizada — em tudo e até no tempo de trabalho. Têm estruturas com definição de funções e regras, a serem assumidas e cumpridas por todos e cada um. E, não menos importante tudo se faz, em função do mérito, da qualidade e não do amiguismo e da cunha!
Serão mais brutos, menos sensíveis, mas “isso” é no trabalho e não é tão linear como se quer — para nos inocentarmos — apontar. Trabalho é trabalho cocktail é cocktail. Eles separam, nós misturamos! E, o tempo de trabalho é para trabalhar a sério e não para conversar, ou tratar de assuntos particulares. E entram a horas mas saem a horas. E quando estão no local de trabalho é para trabalhar, cá fora é tempo para fazerem o que quiserem. Pode-se aqui argumentar, que muitos alemães aproveitam o fim-de-semana para beberem sistematicamente cerveja em excesso, para esquecerem tudo o resto! Claro que há casos que sim, mas não se embebedam com excessivos Futebóis, e o Sul não está livre de bebedeiras alcoólicas sistemáticas, que começam cada vez mais cedo, e de que são exemplos vivos e recentes as Queimas das Fitas.
Mas, nós cá dento, em Portugal, com colaboradores Portugueses — Portugueses, só — do topo à base da pirâmide, temos exemplos tão positivos de como essa organização, esse tempo estruturado de trabalho, resulta, veja-se em Palmela a AutoEuropa, e em Lousada a Continental. Exemplos, exemplares, de portugueses tão bons ou melhores que os alemães. Organização, método, regra, trabalho só, mas no tempo adequado! Cá ainda se perde muito tempo a conversar, no horário de trabalho, a tratar de assuntos particulares, e muitos chegam a lugares de topo por cunha, amiguismo, ou algo parecido. Mentira? As reuniões e não só, começam sempre atrasadas por faltar sempre alguém e demoram eternidades sem justificação. Mentira? Mas cá temos coisas tão boas, em que podemos fazer “inveja” aos alemães, até no clima, mas não só. Nos vinhos, nos têxteis, no calçado, no turismo, na comida, nas tecnologias, em investigação, na saúde, já, hoje, a menos na simpatia, na cordialidade. Mas será tempo de assumirmos que a Alemanha não chegou ao que é, só por acaso! Não! Não foi!
© Augusto Küttner de Magalhães, 18/06/2016