Demorou-se excessivo tempo a não querer resolver a situação dos verdadeiros Refugiados das guerras na Síria/Iraque onde se instalou o Daesh. Falou-se demasiado, fotografou-se e filmou-se em excesso e de concreto, de perceptível, muito, muito pouco foi feito. E hoje, tudo o que se faça pode ser menos bom ou até bastante mau. Isto, dado que no meio dos verdadeiros Refugiados, aqueles que tudo perderam, excepto a Vida, existe uma camada de Pessoas, que não deixando de ser pessoas, aproveitam-se da situação, querem e exigem que os países da Europa em desunião lhes deem, o que para muitos locais não conseguem dar. Exigem, exigem sem contrapartidas, sem deveres. E erradamente se está a generalizar que os Refugiados podem afinal “não ser boa gente”. Claro que alguns — mas só alguns — não o serão. Claro que, já sabemos de experiencias, muito más que correram com alguns dos poucos Refugiados que cá chegaram. Mas a maioria são de experiências muito positivas e com vontade de inserção comunitária. Sendo que, a maioria são boa gente, a quem lhe tiraram tudo. E não têm recuo, não têm para onde poder ir viver, e fogem para a Europa. Fogem da morte certa nos seus Países!
A Europa, não só quanto a este tema, mas também neste, não soube a tempo unir-se e fazer face a tantos problemas que nos afligem, e em simultâneo. Não soube, com cooperação e conjunção de esforços, fazer um efectivo plano de acolhimento dos verdadeiros Refugiados, que mais nos deveram interessar, e seriam os vindos da Síria/Iraque e também Líbia. Os restantes não só podem não ser Refugiados, mas Migrantes (económicos) que só – com pleno direito, mas em má altura –, procuram melhores condições de vida, como um misto de crença, de atitudes, que se podem tornar “em vítimas” e exigir direitos, sem deveres. E todo este “caldo” misturado pode vir a criar anti-corpos na boa recepção dos tais verdadeiros Refugiados com consequências incalculáveis para eles e até para nós, já cá — nesta Europa em desconjunção — residentes. Tudo feito de qualquer forma, sem princípio, meio e fim, cria demasiadas confusões, e, andamos neste estádio. E o acolhimento que seria de esperar aos verdadeiros Refugiados que já deviam estar instalados em diversos países da Europa, não aconteceu.Certos países recusaram-se a recebê-los, entre os quais a Áustria e a Hungria — a título de exemplo — e outros países abriram-se a recebê-lo entre os quais o nosso, mas tudo tem sido tão mais complicado que nada de proveitoso está a acontecer.
Com os tais oportunismos de alguns, que se tentam fazer passar por Refugiados e são apenas Migrantes (económicos), e a demora de países europeus em se programarem para os receber, vai dar muito mau resultado. Se, uma ideia de Refugiado, que por alguns estudiosos está a ser divulgada e bem, quanto aos que foram fugindo Europa fora, perseguidos pelo terror Nazi, resultaram geralmente em bom acolhimento, com esta demora, com esta mediatização, hoje, sem as devidas explicações de fundo, pode trazer muito maus resultados. Em vários aspectos o ano 2016 é para esquecer. O Brexit, Trump, a possibilidade de um Presidente de extrema-direita na Áustria, os muros em torno da Hungria, a ditadura na Polónia um país da dita União Europeia, a confusão na Turquia a caminho de um Presidencialismo imposto e autoritário, o czarismo de Putin na Rússia, e o que ainda nos vai surpreender até 31 de Dezembro deste 2016. Esperemos haver algum senso comum em 2017, que tanto faltou em 2016, para se saber tratar devidamente, os nos iguais, os Seres Humanos, tanto os autóctones, como os verdeiros Refugiados, Para não descambarmos todos em Guerra, talvez a III!
© Augusto Küttner de Magalhães, 27/11/2016