Já se adivinhava que Jair Bolsonaro poderia ganhar a presidência do Brasil, depois de Donald Trump ter conseguido chegar à presidência dos EUA e face à situação estranha em que o mundo se encontra este último (Trump) poderá até ter garantida uma hipotética (re)eleição para um segundo mandato. Quanto a Jair Bolsonaro captou o forte sentimento de descontentamento, com o mau governo económico e a corrupção da última década, sob os governos de Luís Lula da Silva e Dilma Rousseff. Poderemos ter uma cópia de Donald Trump no Brasil e, ironicamente, também, de Hugo Chávez e Nicolás Maduro da Venezuela, embora noutra versão (à direita).
Provavelmente o governo de Jair Bolsonaro será mau em quase todos os aspectos e o seu autoritarismo também, mas quando os brasileiros se aperceberam poderá ser tarde. No pior cenário, ainda que hoje possa parecer muito improvável, poderão nem votar dentro de 4 anos, uma vez que já nem haverá jogo eleitoral democrático. Todavia, como é evidente, chegamos a isto porque o PT não esteve nada bem, esteve até muito mal em matéria de corrupção e desgoverno. Resta saber se agora o novo Presidente eleito com os seus familiares e rede de “amigos” não irão tomar conta do poder e cair em algo parecido, em termos de nepotismo e corrupção. E isto já aconteceu no Brasil e aconteceu também em Angola onde agora tudo parece estar a melhorar, mas demorou décadas para ser assim.
E os brasileiros ou ficarão agradados, como parecem estar bastantes americanos, por terem um presidente que governa com “autoridade” e que é visto como “um dos nossos”, ou nada mais conseguirão fazer se não sujeitarem-se a um poder autoritário, ou terem até de deixar o Brasil. Nestas novas ameaças à democracia o risco maior vem dos falsos “democratas” que se foram instalando, nos vários poderes, em diversos países. Foram, e continuam a ser, esses falsos democratas que se conseguiram instalar pelo voto no poder e agora prosseguem lógicas cada vez mais autoritárias. (Não sendo deles nenhum comparável com Hitler nos anos 1930, convirá não esquecer que este chegou ao governo da Alemanha também pelo voto…). Mas agora, pelos vistos, arranjam-se autoritarismos com o voto democrático, pois já não se vota a favor de um determinado candidato ou ou programa mas contra o outro, aquele que for o mais “anti” aquilo que rejeitamos. Pouco importa o que acontecerá depois à democracia!
© Augusto Küttner de Magalhães, 30/10/2018