Há um ano todos pensavam que os vários poderes nos EUA iriam funcionar e Donald Trump não iria concluir o primeiro mandato como Presidente dos EUA. Todavia, já se percebeu que os republicanos não querem perder o seu presidente, os democratas não se entendem e vão perdendo terreno, pelo que Trump se mantém de “pedra e cal”. E os americanos que elegeram para presidente Donald Trump uma primeira vez, poderão fazê-lo de novo em 2020. Se for assim, continuará na presidência mais um segundo mandato. E se arranjar algum truque constitucional tipo Turquia, Rússia, ou China — o que nos EUA é, apesar de tudo, bastante mais difícil — poderá até conseguir “eternizar-se” na presidência.
De facto, estamos num tempo em que os populismos, os nacionalismos, estão a ganhar terreno o que poderá ser fatal para Estados democráticos. Hoje, ser ou não democrata viver ou não em democracia já não parece interessar muito. Em geral, os mais jovens nunca viveram em plena ditadura. Quanto aos mais velhos, ou já se esqueceram ou já nem pensam nisso pelo que está a instalar a ideia de não haver grande problema em experimentar. E como quase todos estão demasiado indiferentes à política (convenhamos que globalmente os políticos nos últimos 20 anos muito tem feito por si próprios e muito pouco pelos outros, como deveriam), vai-se deixando que estes putativos / furtivos ditadores como Putin, Erdogan, Xi Jinping vençam. Quanto a Trump — que tem poucas ideias e um narcisismo infinito —, parece também vê-los como modelo.
Tudo indica que Donald Trump nunca será deposto por ter sido eleito com a ajuda da Rússia de Vladimir Putin. Conta com a sua família a boicotar os outros e conta com a cooperação de tudo que seja “habilidoso” não só para ganhar como para fazer pelo menos mais um mandato. E já hoje os EUA deixaram, apesar de tudo, de ser o que foram a nível de democracia. Provavelmente, se continuar assim, cada vez o serão menos ainda. Estamos a caminhar para Estados com facetas autoritárias — até onde hoje, a Ocidente, ainda temos democracia —, pelo que há o risco de estas linhas, futuramente, até não se poderem ser escritas assim. Talvez depois de se penar sob o autoritarismo, exista hipótese de voltarmos a uma ampla democracia.
© Augusto Küttner de Magalhães, 1/03/2017