Depois de em Julho passado, Erdogan ex-Primeiro Ministro turco e actual Presidente a querer-se fazer vitalício, mais o seu partido AKP não ter continuado vencedor nas eleições, repetiu estas para 1 de Novembro de 2015, e espante-se ou não, ganhou. E apesar de toda a turbulência que a Turquia vive, como de resto a Europa, e todo o Médio Oriente, vai a Turquia conseguir alterar a Constituição e fazer um Presidente da Republica à medida de Erdogan, ou seja vitalício, com um governo do AKP. Claro que a Europa tem culpas nisto tudo, e todos os que por lá andam em Bruxelas, em Berlim, em Paris, em Londres nestes últimos 15 anos, até uns quantos em Lisboa. E, em vez de ser ter “medo” de incluir a Turquia na Europa, foi-se fazê-lo com países que se nota perfeitamente hoje, têm chefes anti-democráticos, como a Polónia e a Hungria, mas isto é de somenos, dado que agora a Turquia já serve à Europa, só por “segurar” lá quase dois milhões de refugiados, a ter direito a visita de Frau Merkel.
Até antes desta vitória de Erdogan, já interessava há uns dias, quando a Europa panicou por não saber que fazer com migrantes e refugiados que nos assolam e não sabemos acolhê-los, essencialmente os segundos, apesar de muitas conferências de tantos por todo o lado. Muito espectáculo sem conteúdo. E como a Turquia tem lá dentro – mais concretamente – 1,6 milhões de refugiados, a ver se os “seguram” lá, para nós europa – com letra minúscula, cada vez mais – continuarmos a pensar, se ainda isto, soubermos fazer – se em meados do próximo ano tomaremos alguma medida. Entretanto a Turquia tinha que por “ordem” – mesmo em força – em casa. Tinha um Governo que não tinha condições de o ser, isto até ao último dia de Outubro, agora nem que seja um “pouco” – muito, assim-assim – pela robustez já o irá fazer. E, tem um Presidente que gosta muito do Poder e de mandar – como em todo o lado há umas pessoas que quando “entram, sair é um problema” –, que agora também, o vai mas fazer.
A Europa continua refém da sua / nossa, imobilidade, falta total de União e de lideranças, a decompor-se e deseducar-se a cada dia que passa. E a Turquia, o filtro entre a Europa e a Ásia, vai lenta e harmonicamente passar a ser uma ditadura por a Europa não os ter apoiado, quando se fizeram democratas. A Turquia que está na Nato. A Turquia que poderia ser um controlo pacífico nestas crises, mormente quanto à Síria, Iraque, não é, e não se sabe o que será. E não há ninguém na Europa, nomeadamente todos os que estiveram ao lado do anterior Presidente Americano na Invasão – sem argumentos – do Iraque que sejam por isso julgados em Tribunal Europeu. E vai ser necessário esperar para ver o que a Turquia vai agora fazer, para a Europa ainda mais se desfazer. Pena.
© Augusto Küttner de Magalhães, 2/11/2015