Nos primórdios do Judaísmo, houve necessidade do Estado se confundir com a Religião, daí a abalada das doze Tribos do Egipto para Israel, em 40 anos de caminhadas. O mesmo acontecendo com o Cristianismo, e mais tarde veio a acontecer com o Islão – Meca, Medina, Alcorão –, a necessidade de se “confundir” Estado e Religião, e esta com aquele. Aqui, se referem as três Religiões mais representativas e que se têm mantido ao longo dos últimos séculos – com algumas dissidências, mormente na segunda e na terceira – e que hoje têm – devem! – coexistir, até dentro dos mesmos Estados. Em simultâneo temos o laicismo, que não sendo uma Religião, é a falta de “alguma”, mas também tem direito a ter espaço, sem necessitar de ser representado, quando não nos achamos ajustados e com necessidade/vontade de comparecer/seguir, alguma Religião. Mas não temos que as renegar, nem criticar, sendo o contrário também verdade, ou devendo sê-lo.
A necessidade que todos temos de não criar “vazios”, dado que é o pior que nos pode acontecer, como Pessoas, não implica ter uma Religião, ou anular outra, mas ter direito por nós a Pensar/ Emocionarmo-nos, Existirmos. Aqui um conjunto de pensamentos de Descartes e António Damásio. Assim, aparece se quisermos – dado haver quem fortemente não queira, basta os dias de hoje – ter História feita de Memórias, a imperiosa necessidade de separação muito nítida entre Estado e Religião. Algo que parece, apesar de um percurso muito complicado estar hoje a acontecer com o Judaísmo e com o Cristianismo. O Vaticano é um pequeno Estado que tem um Chefe de Estado que coincide com o Chefe da Igreja Católica de Roma. Há Cristãos espalhadas por todos, ou quase todos, Estados da Terra. Tal como Israel, onde não há coincidência, sequer e ainda bem, entre a Chefia do Estado de Israel, e a da Igreja.
O Daesh, o terror do momento, é uma loucura momentânea – com consequências desastrosas e ainda imprevisíveis – , ao qual não estamos a saber dar respostas, até por se ter criado um caldo de incultura que proporcionou que uns fanáticos se apropriassem de uma Religião, do Islão, e matassem, destruíssem, desfizessem tudo como se tal pudesse ser o desígnio de algo que se quer ser uma Doutrina que perdure séculos, em nome de um Deus no caso Alá. Tentemos, o mais harmoniosamente que a mente humana o consiga permitir, por vezes não é conseguível, quando por exemplo o negócio de armamento – para não referir o petróleo –, faz enriquecer tantos Estados, separar Estado de Religião, por todo o lado. Hoje temos que permitir, querer, assumir dentro de cada Estado, todas as Religiões, sem quaisquer obstáculos.
Em França proibiu-se a burka para não haver alguém que pudesse, por estar coberto, fazer esconder explosivos e rebentar-se nome do fanatismo religioso, e sem burka, aconteceu o 13/N. Não é proibir burkas, crucifixos, sinagogas ou mais que seja, que é a via a seguir. Nunca! Haja espaço para quem acredita o pode livremente fazê-lo num qualquer Estado, com a sua crença na sua Religião e também ser conseguível sem Religião estar e viver nos mesmos Estados, sem “isso” ser motivo para guerras infindáveis. Haja direitos e deveres para o Judaísmo, para o Cristianismo, o Islão e o laicismo, dentro de todos e cada Estado, sem medo de assim ser e acontecer. E procure-se dentro da impossibilidade de sermos sempre pacíficos, formas de fazer empresas que criem Economia, Empregos, qualidade de Vida para todos, com hierarquias assumidas, mas não fazendo armamento, ou só “petróleo, para não haver formas tão facilitadas de arranjarmos Guerras quando nos fartamos de estar em Paz.
© Augusto Küttner de Magalhães, 5/12/2015