Estará o governo britânico a empolar o caso do espião duplo?

 

Como é evidente, Vladimir Putin não se recomenda e não estará de livre de responsabilidades nas muitas” sabotagens” que estão a acontecer no Ocidente, a começar no” Brexit”, na eleição de Donald Trump e até na trapalhada que ainda está por aclarar na Catalunha. A reeleição recente do próprio Vladimir Putin deixa sempre a dúvida se não terá havido “batota”! A URSS era perita nisso, mas não é a única. Bem sabemos com se fazia antes do 25 de Abril em Portugal. Também a Federação Russa, com o seu “eterno” Ministro dos Negócios Estrangeiros, não se recomenda muito, até pela forma como anexou a Crimeia.

Mas não é só a Federação Russa. Hoje, em demasiados locais, a democracia é uma sombra do que já foi. Temos isso da Venezuela ao Brasil, em vários países europeus como Polónia e Hungria que são parte da União Europeia, e não só. Logo, o facto de a Federação Russa não se recomendar, não a torna caso único quando a China, proclama o seu Presidente como vitalício, com a Turquia tendo feito algo parecido. Claro que o envenenamento, agora ocorrido, do espião duplo no Reino Unido, deixa margem a dúvidas e, evidentemente, a desconfianças sobre a Federação Russa de Vladimir Putin. Mas haverá certezas?

Não estará o Governo de Theresa May, tão mal-visto interna e externamente a aproveitar-se desta situação e a empolar o sucedido? Ou até, numa hipótese mais radical, a ter de alguma forma, criado? Ter a certeza de que isto foi mais um ataque premeditado de Vladimir Putin aos alicerces, já um pouco tremidos, da União Europeia – com o Reino Unido de saída —, ou até ao Ocidente, pode não ser exacto. E o próprio Donald Trump, hoje com os EUA faz jogadas, como o aumento de impostos sobre as importações de aço alumínio e não só que deixam dúvidas, sobre o que anda a fazer. Se bem que Trump deixa dúvidas sobre quase tudo o que faz e não faz.

Se Vladimir Putin não é um adversário cómodo seja para quem for, muito menos ainda um “amigo”, também nesta altura Theresa May e os seus elementos de um Governo frágil e dividido têm que ser olhados com alguma prudência. Poderão estar tentados a tirar dividendos políticos do caso, empoloando-o deliberadamente. Claro que no jogo político interno da nossa oposição  é conveniente ter “certezas” quanto à Rússia. E que tudo o que aconteça que “meta” russos, deve ser para condenar de imediato. Sem defender de modo algum Vladimir Putin, como também é impossível defender Donald Trump, pode haver muito ainda por saber no caso do espião duplo envenenado e da sua filha. Ou não.

 

© Augusto Küttner de Magalhães, 29/03/2018

 

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