O satírico jornal francês “Charlie Hebdo”, aquele que se entreteve durante demasiado tempo a fazer uns bonecos/ caricaturas de mau gosto sobre Maomé – e não só – e depois sofreu um atentado na sua sede em Paris no início deste ano, que matou 12 pessoas, continua a seguir a sua linha do disparte, sem interesse, que não, talvez, dar nas vistas, inchar o próprio umbigo, ou vender muito.
Agora, o da passada semana faz um trocadilho, imbecil, com a criança refugiada que morreu nas águas do Mediterrâneo, que foi notícia por todo o lado- pensava-se nos nossos filhos ou netos, para emocionar e se calhar não na própria criança morta – mas já está esquecida, e Cristo a andar por cima das águas – recorrendo ao que a Bíblia conta – e a criança muçulmana, afogada/morta.
Quem escreve estas linhas está algo à-vontade para o fazer, dado não ser crente, logo pode observar qualquer das três religiões – Judaísmo, Cristianismo e Islão –, sem lhes pertencer.
Mas, porventura, com algum senso – bom –, talvez, esteja chegado o tempo de deixar de se gozar com quem é crente em qualquer Religião. Deixar de querer vender ou dar nas vistas com estes “nonsense”. E não gozar com a criança que morreu afogada, se bem que tudo já tenha sido esquecido, dado, ter mais que duas semanas.
E vão ter que aparecer mais destas duras realidades – por certo desde que essa criança morreu afogada, a muitas mais aconteceu o mesmo – para todos nos incomodarmos por um a dois dias, enquanto a União Europeia assobia para o lado e nem sabe fazer a diferença entre Refugiados e Migrantes, colocando tudo no mesmo saco.
A humanidade passa por mais um ciclo totalmente decadente, totalmente indecente, sem respeito, sem valores, e quando um jornal que vende por não motivar nada de útil e informativo – não é o único! – é notícia, é gravíssimo.
Claro que não deve haver censura, e cada um deve saber lidar com a sua própria imbecilidade, mas deve ficar pelas ruas de Paris – grande e bela cidade – e quem quiser que o leia mas sem mais, e não lhe dando importância e muito menos relevo.
Esperemos que não haja mais nenhum atentado, por lá. Mas se dramaticamente acontecer, atendamos não rever o desfile de individualidades como aconteceu no início deste ano, as mesmas individualidades que não sabem resolver o grave problema dos refugiados, especialmente, mas também dos migrantes, e não sabem nem querem tomar posição quanto às atitudes de países dentro da União como a Hungria e seu ditador, e de fora quanto a um Putin a anexar a Crimeia e a ajudar o ditador da Síria a ter armas.
Que Europa é esta? Quer jornal é este? Que mundo queremos destruir par outros , uma vez mais, reconstruirem?
Je ne suis pas Charlie!
© Augusto Küttner de Magalhães, 18/09/2015