Nicolás Maduro não tem legitimidade e menos ainda capacidade e competências para ser o Presidente da Venezuela. Deve rapidamente deixar de o ser, até pelo que destruiu no seu país, e pelo cada vez menor apoio popular que vai tendo. Tudo aponta para alguém que nunca deveria estar no lugar “usurpado” que ocupa. Nicolás Guaidó, que sem dúvida foi democraticamente eleito como Presidente da Assembleia Nacional, terá muito mais força legal e legitima para ocupar esse lugar, apesar das tentativas de o anular por Nicolás Maduro. Este criou uma Assembleia Constituinte, paralela e ilegítima, para tudo tentar controlar. Porém, a posição de Guaidó como Presidente interino da Venezuela, até haver eleições legítimas e justas — por si algo indiscutivelmente muito positivo —, tem tido o apoio de Trump. É algo que torna o caso menos linear e introduz, também, outras preocupações sobre o que poderá ser o futuro do país.
Donald Trump não é grande defensor das virtudes democráticas, nem internamente, nem no mundo exterior. A sua atitude na presidência dos EUA, onde parece mais estar a gerir o o seu império empresarial do que a (ainda) maior potência mundial, não é nada tranquilizadora. Trump está bem ao lado de Bolsonaro. Apoia todos os que possam ser, aberta ou disfarçadamente, seus seguidores, desde que lhe possa dar jeito. Isso não é benéfico para Juan Guaidó. A Venezuela tem, convém lembrar, as maiores reservas mundiais de petróleo. Se um futuro governo ficar sob o domínio dos EUA, com Donald Trump, pode-se imaginar o que isso implicará. O que já é um problema dos seus concidadãos americanos poderá reflectir-se futuramente na Venezuela e daí não advirá nada de bom. Nicolás Maduro tem que cair — e muito rapidamente —, mas será mau se quem o substituir democraticamente ficar sob a influência, ou estiver tentando a replicar, o estilo de Donald Trump na Venezuela. Depois de tanto sofrimento, os venezuelanos merecem melhor.
© Augusto Küttner de Magalhães, 5/02/2019