O Reino Unido entrou numa fase de descontrolo após David Cameron ter dado o “poder ao povo” num referendo mal calculado. O resultado foi o inverso que o próprio pretendia e ninguém ainda conseguiu encontrar o rumo político. Aceitar agora um novo adiamento “Brexit” depois de três anos de hesitações entre o fica, ou sai, já não é só dar tempo aos britânicos, mas prejudicar a União Europeia. Não há mais paciência para as hesitações britânicas, nem para esperar que um eventual segundo referendo resolveria não se sabe bem o quê! A União Europeia não deve usar mais tempo, nem recursos, para se desgastar com o Reino Unido. Há muito mais a fazer e a tratar do que saber se o Reino Unido fica ou sai. Continuar assim — no talvez possa sair, ou talvez possa ficar — não é solução!
Nesta altura, mais um adiantamento do “Brexit” é prejudicial para a União Europeia. Não faltam problemas sérios para enfrentar. E a Europa não precisa de mais trapalhadas dado já estar metida em tantas das quais não sabe sair! Há uma imperiosa necessidade de defender a Europa que ainda existe perante o perigo de ficar uma relíquia do passado e vulnerável no mundo. Não deveríamos querer — nem permitir — que isso venha a acontecer, mas se desaproveitarmos mais tempo em negociações estéreis será esse o resultado. Chegou a hora de virar a página do “Brexit” e de o Reino Unido sair no dia 31 de Outubro. Cabe a responsabilidade aos Estados-membros, ao Parlamento Europeu e à Comissão de evitarem mais males para a União Europeia, de preservarem o que existe e melhorá-lo. Não de se deixarem arrastar para um “Brexit” interminável.
© Augusto Küttner de Magalhães, 20/10/2019