
Trump e Bolsonaro e as banalidades ou absurdos do que fazem, ou não fazem, no dia-a-dia, são exibidas na imprensa até à exaustão, ficando a ideia de perda de tempo a quem assiste a tais “notícias”. Ambos foram eleitos democraticamente pela respectiva população e nos dois casos houve antecedentes no próprio país que fizeram com que assim tivesse acontecido. No Brasil, foi o “impeachment” de Lula da Silva sob a acção do juiz Sérgio Moro, que acabou por ser Ministro da Justiça do Governo de Bolsonaro e agora se demitiu em aparente rota de colisão com este. Nos EUA, Obama, cedo demais e inexplicavelmente no primeiro mandato, recebeu o Prémio Nobel da Paz. Na realidade, não fechou Guantánamo como havia prometido e foi continuando a erguer, discretamente, o muro entre os EUA e o México. E deixou paulatinamente, em demasiadas áreas, até nas relações com o exterior, o país seguir para uma situação que abriu caminho ao que depois ocorreu. Os EUA elegeram um “egocêntrico, sem capacidade de gestão política interna e geopolítica internacional, que olha para o país como se estivesse a gerir uma das suas muitas empresas.
Obama que, como já referido, como presidente não fez muito e abriu (indirectamente) o caminho a Trump, depois desapareceu de cena em quase todo o mandato de Trump. Andou pelo mundo a dar conferências sobre o clima que de pouco ou nada valeram e parece ter despertado agora para o seu país. Não será tarde demais? Veio atacar frequentemente Trump, mas só agora? Até aqui não teve tempo? E antes, tendo hipóteses em dois mandatos na presidência de ter deixado o pais noutra situação não o fez. Vai agora entrar em campanha para tentar ajudar o seu ex-vice presidente a derrotar Trump na próxima eleição presidencial? E será que vai mesmo conseguir? E se conseguir, o que não é fácil dada a base de apoio de Trump se manter estável, irá mesmo a ajudar a mudar os EUA para outro caminho melhor, sendo Joe Biden um político à altura dessa tarefa? São muitas as interrogações a que Obama precisava de responder convincentemente para confirmar o estatuto de político quase “mítico” que muitos lhe atribuíram demasiado cedo.
© Augusto Küttner de Magalhães, 18/05/2020