Em Democracia, em oposto da Ditadura, em teoria, o “poder” é da População, sendo delegado pelos votos nos eleitos democraticamente. Em Ditadura um chefe manda como quer e lhe apetece. E em Democracia os eleitos tratam de legislar e governar “supostamente” no interesse de bem “servir “ a população. Quando tal vai “deixando” de funcionar aberta e claramente, como está a suceder na grande maioria das Democracias Ocidentais – o resto ou são Ditaduras claramente assumidas ou Democracias a tender para a Ditadura – vão surgindo, em simultâneo, Movimentos dos Extremos e solicitações de “Referendos”, dado se ter deixado de confiar – se alguma vez tal sucedeu – em quem elegeram / elegemos. E supôs-se que o Referendo, sendo exclusivamente sobre um ou dois temas, se associados, é a representação directa e individual de cada cidadão no futuro desse capítulo no seu País, sem intermediários. Por cada Referendo proposto, e mais, por cada Referendo realizado maior machadada é dada na Democracia, mais um acto claro e explícito que se não confia nos eleitos. Logo, tem a População que a esses se substituir, directamente, para poder de facto expressar e concretizar o que pretende em dado momento para o seu País, se o deixarem acontecer.
Claro que os políticos eleitos têm mais visibilidade e espaço, mas também todos os outros vão tentados influenciar a votação no Referendo. Mas de facto já não são os – eles/elas – políticos que decidem entre si o que vai acontecer, já há uma ligação directa da População à solução. E, ao assim suceder pode-se pensar que os eleitos democraticamente não estão a fazer o que devem, não estão a dar conta do recado como “os representantes” eleitos de /e, pela população. E de facto hoje, com ou sem referendos vive-se um momento dificílimo para as Democracias, que de facto o acham ainda poder ser. E tal deve-se à Economia ter-se totalmente sobreposto à Política, e os políticos se terem deixado anular por aquela. Verdadeiros políticos, como tivemos em várias ocasiões e até no final da II Guerra Mundial até à década de 70 e pouco, do século passado, não existem. Hoje, já há uns anos, mas, mais nos recentes vinte, não temos políticos de qualidade com qualidade e carisma. Só quantidade!
A Política passou a ser algo de muito menos importância para os próprios. O carreirista e o profissionalismo em vez do carisma, têm vencido. E, se bem que os políticos não nascem da geração espontânea, antes surgem do meio da População, só vai para a Política quem quer, e estão a faltar Pessoas, por todo o Mundo, com qualidades intrínsecas para saber ser políticos. E daí a classe política ter totalmente deixado de saber fazer política, e o Económico “mandar” no Político, e arrastando a necessidade de Referendos para haver uma ligação directa, efectiva e aberta de cada eleitor não ao seu eleito, mas à decisão a tomar. Talvez esteja chegado o tempo de todos pensarem/pensarmos “nisto”, e da Sociedade Civil sem barulhos, sem banalidades, sem atrocidades, sem extremismos fazer-se presente, e ajudar a reconstruir uma verdadeira Democracia, sem ter que passar por uma penosa ditadura, de facto e sem direitos.
© Augusto Küttner de Magalhães, 22/06/2016