Os riscos do prolongamento do Brexit

1. Se, em mais de dois anos, o Reino Unido  não se conseguiu entender  para concluir uma proposta  de saída consensual com  a União Europeia,  como se vai  entender em menos de um ano? Provavelmente, não  vai. Pode é fragilizar, ainda mais, uma União europeia já frágil que, por mero acaso,  se tem entendido e mantido coesa no Brexit. A partir destes adiamentos  da saída britânica, agora para Outubro, tudo  é  possível. Desde não se saber em que  Outubro  será — se de 2019 ou 2020 —, ou até se já  não será necessário  sair, dado o Reino Unido ter retrocedido na sua intenção. Mas isto é prenúncio de um futuro desentendimento europeu, não do contrário. 

2. Importa lembrar que foi o Reino Unido quem pretendeu deixar a União Europeia. Depois, esteve a negociar com a União durante mais dois anos, embora quase sempre divergindo. O seu parlamento, usualmente visto como um modelo de democracia, está num impasse. Conseguiu adiamentos da saída sem se saber bem para fazer o quê.  Mas vários Estados-Membros, entre os quais nós — talvez devido à mais antiga aliança do mundo onde os ingleses tiveram, frequentemente, a maior vantagem —, têm-se mostrado muito (demasiado) compreensivos. Assim, num Outubro  de  um qualquer  ano futuro já  não  se falará só Brexit,  mas de como voltar a construir  dos escombros,  num tempo  global, uma nova Europa.  Será  tarde, mas talvez  não  impossível… 

© Augusto Küttner de Magalhães, 14/04/2019

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