A estrutura do Parlamento Europeu está-se a tornar de tal forma “pesada” que deixou de funcionar democriticamente, e passou a ser algo que se arrasta, e que se auto-alimenta de 751 Eurodeputados com mais do dobro de burocratas em seu torno. Exemplo flagrante “disto” é só terem estado 30 eurodeputados — de um total de 751, convém relembrar — para o debate, na sessão plenária, com o Primeiro-Ministro maltês, Joseph Muscat, no balanço do semestre da presidência europeia de Malta, concluído a 30 de Junho. E, reforcemos a gravíssima situação, apenas 4% dos deputados estavam presentes numa sessão plenária de alta importância. Se tivesse sido um debate com Angela Merkel, “num “ balanço do semestre da presidência europeia da Alemanha, estariam só 4% dos eurodeputados, ou estaria a Assembleia com 99% dos parlamentares e o 1% não presentes, alegariam ter tido que ir, a correr, à casa de banho? “Isto” demonstra da pior forma possível com 4% das presenças, única e exclusivamente por se tratar de Malta, um pequeno país e não “importante, nem de relevo na Europa”, e, se fosse com Portugal, seria o mesmo. E aqui se nota este desprestígio por países pequenos, a desigualdade em favor dos “grandes”, e o exemplo é dado em flagrante por todos os 96% eurodeputados não presentes, entre os quais a maioria dos nossos compatriotas, só um não faltou, e a desigualdade dos Estados-membros atingiu estes extremos de ridículo/ fantasioso.
Claro, como seria de esperar, um discurso defensivo e autocentrado, mas tão pouco preocupado com a Europa, dos nossos eurodeputados, pena só “não” estarem todos tão de acordo com “isto” com o nosso País, dentro de uma Europa que se exigia “de” União e que se esfarrapa a cada dia que passa. Assim, continuamos a querer convencionar uma Europa mais centrada, mais politicamente dissemelhante, mais espaço para os grandes e poderosos do centro Europeu. Esta Europa assim não vai em Unidade, e fica-se pelo poder aos poderosos, e com um Parlamento Europeu e não só, muitíssimo burocratizado, logo pesado, complicado e que não une, antes pelo contrário. Claro que a forma — uma vez que no conteúdo tinha toda a razão —, como o Presidente da Comissão Europeia criticou este facto, chamando-lhe, desnecessariamente, “ridículo”, desfocou-o do problema real e pô-lo, uma vez mais, alvo das críticas dos 96% eurodeputados não presentes. Mas Jean-Claude Juncker faz tempo que já perdeu o seu prazo de validade na União Europeia. Mais um problema europeu, não saber, ou não querer ter, quem deve em muitos lugares que merecem bem melhor. Mas já vem detrás, o anterior foi o que foi, e não foi nada bom! De facto a Europa não se segura e não se consolida por “culpa” de todos e todas que a deveriam fazer “estar/ser de facto Europa”, mas que estão muito mais interessados em lá se manter, do que fazer o que deve ser feito.
© Augusto Küttner de Magalhães, 10/07/2017