A Europa precisa de parar para pensar, em vários temas, o que não só é necessário como indispensável para reflectir sobre si mesma, Europa. É importantíssimo pensar no nosso futuro, se, de facto, vamos continuar a pretender “construir” uma União, ou, então, se a ideia são pequenas uniões por grupos, desde Visegrado — Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia — agora também com a Áustria próxima, aos países Sul e aos países Norte. Estas mini uniões / grupos darão em separação certa, mais dia, menos dia. Para além disso, de quem menos se esperaria, pelo menos até ao Verão de 2015, um grande apoio aos migrantes / refugiados — Angela Merkel —, vê agora a sua política fortemente contestada. O braço de ferro vem do seu próprio Ministro do Interior, parceiro da coligação, da direita mais à direita da Baviera (CSU), podendo pôr em causa o frágil governo da Alemanha. Logo, chegou por certo o tempo de afastar-se a tentação do imediatismo humanitário, irresponsável politicamente por não permitir uma abordagem suportada pela população. E a emoção pró-refugiados / migrantes pode, rapidamente, descambar num sentimento anti-imigrações. Basta lembrar o que ocorreu na passagem de ano de 2016 em Colónia, após as agressões sexuais a dezenas de mulheres, roubos, etc. supostamente praticados por refugados / migrantes.
Aqui surge o tal “problema” que não vem sendo resolvido na “nossa” Europa. Além dos refugiados que fogem de países em guerra, ou onde são perseguidos por razões políticas, étnicas ou religiosas, também “aparecem” muitos migrantes económicos provenientes de países pobres. Sem dúvida que existem demasiado dramas no mundo, de pobreza e de fome, para que a Europa ou qualquer país europeu individualmente, possa acolher todos aqueles que a miséria lhes empurra. E assim, de uma vez por todas, teria que se definir bem a tal diferença entre refugiados e migrantes económicos, e acolher sem dúvida os primeiros, que teriam necessariamente que ser distribuídos por todos os países europeus, por quotas — termo feio para pessoas, mas necessário — pré-definidas e por todos assumidas e cumpridas.
Como estamos a envelhecer tão rapidamente, aqui, na “nossa” Europa, poderá ser também uma forma de irmos rejuvenescendo, integrando e nunca colocando em guetos, como há uma certa tentação de o fazermos. E estes refugiados teriam — têm — de ficar tal como nós, independentemente da cor da pele, da religião e do mais que possa ser. Quanto aos migrantes económicos, teria que haver uma vontade de ajudar a melhorar as suas condições de vida nos países de origem, mormente em toda a África. Se nada for feito, como está a acontecer, o “falido” Estado Islâmico (Daesh) e outros grupos radicais cativarão jovens para o radicalismos e violência e mais refugiados / migrantes irão aparecer. Vamos ajudar seres humanos iguais a nós que não têm como sobreviver. Estamos também a ajudar-nos a nós próprios!
© Augusto Küttner de Magalhães, 19/06/2018