Facilmente confirmamos que Trump vai “fazer” tudo o que disse na campanha eleitoral, mesmo que daqui a um ano os EUA tenham sido ultrapassados pela China como primeira potência mundial. Trump está a governar os EUA como disse que o faria e como o faz com as suas empresas. Algumas foram à falência, outras levantaram-se sabe-se lá como, e assim vai fazer, quer se queira, quer não, quer seja reprovado, quer não, quer o seu Partido Republicano desgoste ou não, até fazendo com que o Partido Democrático deixe — quase — de existir. E vai tomar as decisões mais estranhas possíveis para um Chefe da (ainda) maior potência mundial, e vai manter o seu “eu” à frente de tudo e de todos. Vai aparecer todos os dias nas televisões a mostrar-se rodeado de “seguidores” a assinar “ordens” de marcha das mais entranhas para o EUA e para o Mundo e não vai parar. Só de saber que a cada momento é seguido ao minuto pelo mundo inteiro — pelos media de quem tão mal diz — e todos dele falam, é o suficiente para não parar, e para piorar no que tiver que fazer, para adoptar o que prometeu, para se contrariar, para desautorizar quem lhe apetecer. É Donald Trump no seu melhor, e, globalmente, no nosso pior, se não soubermos “andar” por nós, sem contar com ele.
Theresa May, que “antes” não queria o Brexit, mas depois “agarrou” o Brexit como uma arma para se manter como Primeira-Ministra, do que ainda se chama Reino Unido, perdeu todos os possíveis aliados mundo fora, e o único que vislumbra ou acha ser “amigo” — ou bóia de salvação — é Trump. E na solidão de deixar a Europa, sem bem o querer, vai-se tentar proteger sobre o guarda-chuva dos EUA. O risco de podermos assistir a algo impensável há pouco tempo, do colonizador (leia-se Reino Unido) passar a colonizado (leia-se EUA) é flagrante. E seria uma vitória exuberante para Donald Trump, amanhã dizer que vai ajudar Theresa May, com a condição de esta escoar no seu País o que é produzido nos EUA, de se deixar levar pelo isolacionismo de Trump, de ser a aliada / dominada pelos EUA, neste século XXI. E, no momento em que Trump defende o Brexit, não pelo facto em si que lhe é completamente te indiferente, mas unicamente para mais esfrangalhar a Europa, é ouro sobre azul, ter a seus pés Theresa May.
Esta, que achou que seria uma boa ideia aliar-se aos EUA, está agora sem saída possível, uma vez que está-nos a tratar mal como Europeus, está a afastar-se de qualquer outro país nomeadamente o Canadá, que está, tal como o México, na mira da inimizade de Trump. E, ou Theresa May se inclina perante o que Donald Trump lhe exigir – politicamente, como é evidente —, ou este vai mandá-la para casa (leia-se Reino Unido), pensar e mais tarde regressar e obedecer. Esta atitude de Donald Trump é por um lado o seu “eu” a funcionar em pleno, por outro como o próprio já disse está à espera que mais algum país europeu — o que não é inconsequente — siga o Brexit e vai querer também dominá-lo, subjugá-lo. Tudo é possível nesta altura, vamos ver como se sai, para já no retrato, Theresa May.
© Augusto Küttner de Magalhães, 27/01/2017