Nicolás Maduro nem sequer se aproxima de uma imagem ténue daquele que foi o seu mentor, Hugo Chávez, e este foi supostamente um “bolivariano” que se agarrou ao preço alto do petróleo venezuelano — enquanto deu —, para fazer que construía uma Venezuela igualitária, socialista e com futuro. Morrendo Chávez e o valor do petróleo entrando em quedas sucessivas, as não fundamentadas aspirações de Maduro conseguir fazer um brilharete à frente da Venezuela, passaram a uma total e inconsequente fantasia! Todos os que se acham muito capazes, que nunca têm culpas de nada, que se olham demasiado ao espelho fazendo-se grandes mesmo que pequeninos sejam — claro que não se está aqui a referir estaturas, aspectos exteriores e físicos —, deslumbram-se com o que não tem qualquer deslumbramento possível. Acabam por cair, mas antes acarretam muitas desgraças e estragam vidas a um excessivo número de pessoas.
Temos hoje a Venezuela nas mãos de um ditador em potência — as tendências autoritárias parecem estar em voga sob diversas formas, na Europa, com a Polónia e a Hungria, na América do Norte com Donald Trump, e de forma bem mais vincada e dura na Rússia e Turquia, com Putin e Erdogan, mas também nas Filipinas e em vários países em África, para além do caso extremo da Coreia do Norte —, que a cada dia a destrói e mais, quando a Venezuela poderia não ter que se sujeitar a esta desgraça! E a desarticulação da Venezuela, que já tinha problemas estruturais graves, que tinha umas prisões entregues a privados e geridas por gangues, que já não era muito segura em alguns locais, tornou-se um campo de todos e de ninguém, que pode acabar numa guerra civil com consequências desastrosas para tantos que lá vivem, e que em nada contribuíram para este desatino. Claro que, Maduro já enxergou no que “está metido” e que dificilmente conseguirá uma saída honrosa desta trapalhada, uma vez que não tem qualquer fonte/base, para o fazer mudar a Venezuela de rumo. Vai-se mantendo à custa do petróleo que lhe dá alguns dólares, com o suporte ter vendido a um banco que “parece” ter algumas “culpas” na crise de 2008, a única fonte de riqueza, ainda que má, mas que brota na Venezuela, o “ouro negro”! Dá-lhe para comprar armas e munições, manter o exército e matar os que se lhe opõem!
Cada vez mais isolado internacionalmente, resta-lhe a solidariedade de países como Cuba, país que apesar de ter feito alguns progressos no tempo de Obama está agora, com Trump nos EUA, sem qualquer esperança de democracia e melhoria de vida. Assim, Nicolás Maduro, ou vai continuar a destruir a Venezuela e a sua população até mais não conseguir, ou obtém um acordo com com algum país estrangeiro amigo, para não ser posteriormente extraditado e depois julgado no seu próprio país, ficando a viver à “sombra da bananeira” num outro qualquer local. Aí talvez a Venezuela encontre outro rumo, sem Maduro e os seus correligionários, mas com uma oposição já existente e que não se auto-centre e faça renascer uma Venezuela com algum futuro e com melhor perspectivas para tantos e tantas que ainda lá estão e não querem de lá sair. Mas não será fácil!
© Augusto Küttner de Magalhães, 23/07/2016